domingo, 20 de julho de 2008

A Oração da Pornografia Mágica

E as janelas transformam-se em pássaros quebrados
(quebrados do verbo quebrar)

E os pássaros mudam para árvores negras

(escuridão na maior parte das vezes)

E as árvores incendeiam luzes sensíveis

(delicadas como um martelo de cristal)

E a sensibilidade cai perante revelações

(ponto de interrogação exclamativo)

E as profecias compram estúdios martelados

(voltámos à força do aço)

E o ritmo descendente leva a lua ao suicídio
(eu decido o que quero)


E o suicídio arrependido leva a sua vida
(são 23 e 01)

E a vida nefasta aproxima-se da Morte

(sacode a emoção do corpo)

E a Morte perdida esconde-se da luz

(os anjos vomitam claridade)

E a luz aconchegada clama por sinais

(sem elementos óbvios)

E os sinais tímidos escondem-se em pianos

(nota a minha velocidade)

E os pianos arrogantes vibram pelas mãos

(serpentes com dedos)

E as mãos delirantes perdem o poder

(vício feminino)

E o poder inacabado ofusca-se no tempo

(o que nos separa é a relevância do mesmo)

E o tempo hesistante tropeça em visco

(atacar a excentricidade)

E o visco viciado volta à beleza
(ganhar com uma cara de plástico)

E a beleza idealizada torna-se rebelde

(desafiar espantalhos)

E a rebeldia sem causa está em decomposição

(intensidade estática)

E a decomposição distraída regressa ao início

(Éden florido de bocas mastigadas)

E o início voraz deseja um sacrifício
(jogo satânico de culpa antropomórfica)

E o sacrifício acústico dispara negativos

(planeta sem vontade de expressão)

E os negativos tremidos relembram a estética
(ruínas exteriores a dobrar)

E a estética discute a delícia das lâminas

(teste natural e enganos subsequentes)

E as lâminas iletradas racham mil espelhos

(capturar pó de teatralidade)

E os espelhos mostram cemitérios de imagens

(superficialismo subtil)

E as imagens enforcam-se na parede do Futuro

(resultado de uma longa-metragem de palavras desprovidas)

E eu
Sou um

Continuo um
Sempre um

Adolescente numa garrafa

Dedilhado
Do nada


Ámen

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