terça-feira, 17 de junho de 2008

O Jardim do Hipotético

Um cão que diz miau diz também mais coisas
Claro que são segredos que não é suposto saberes
De tão influentes que se podem tornar

Tenho uma capinha de plástico, um arquivo desorganizado
Onde leio estas coisinhas que partilho
:

Lembro-me da altura em que vi
O monstro, nos seus olhos revirados
A escrever
Partituras na vitrina

E

A mulher do cabelo encovado a
Surgir do chão
Enquanto anéis da minha figura mitológica preferida
Se entrecruzavam com
Visões do meu pesadelo preferido

Mas penso que hoje
Em mais nada penso

Deixo o resto das inquietações
Para um qualquer escravo imaginário
Num qualquer jardim
Esquecido

Hipotetizado

Num canto menos verde do que verde
Mas mais cinzent0 que prateado

Fica Melhor de Laranja

Uma carteira roxa que adivinhe pensamentos é
De certa forma mais ágil que um monge budista

Dependendo evidentemente, da forma de ver

Tempo Descalço

É verdade que todos os dias
E a cada dia
Os dias passam mais depressa

Será talvez uma impressão
Um percalço
Correndo devagar

No declínio

E hoje foi ontem
E ontem afundou-se
E o amanhã não é nada

Nas extremas paranóias

De um buraco
Sem ideias

sexta-feira, 13 de junho de 2008

A Vida Sexual De Robinson Crusoe

Robinson Crusoe masturba-se muito.
A não ser, claro, à Sexta-Feira.

Aperitivo Pós-Perfeição

Fiquei com as mãos queimadas depois de a ler.
Sabia bem que não me devia meter nestas coisas.
Afinal, a rejeição dói mais que a euforia, mas viciado como estava, não senti a pena a convidar-me para o lado negro.

Por um instante absorvi o fulgor de pecados passados
Transfigurados para o meu corpo palpitante

Isto porque li, e atrevo-me a dizer, escrevi
Na carta de suicídio do Demónio

Com as suas páginas crocantes
E subtilezas anacrónicas
Não restaram dúvidas

O Demónio teve aulas de Ironia Avançada
E deseja a morte como qualquer um

Lenda Com Toques De Verdade

O beijo do duende sabe a mel com floreados
Sei quem ele é
O eterno romântico que vive no leite e devora cereais

Comprou um arco-íris em segunda mão
E nao parou de baloiçar
É tão querido como cómico

Um mestre do trá-lá-lá

Veludo Cadavérico

Quero entrar em carros de polícia gastos e gritar

"Sou um aventureiro!"

Quero semear confusão e desordem em quartos de hotel sujos em plena decadência
Sonora e espacial

Vou encontrar uma menina jovem que saiba como tocar numa flor
Quero uma flor
Sou uma flor
Um porco disfarçado de abutre
Um rebelde arrogante
Solitário e egoísta

Morrendo por conversas