quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Capítulo 72

a alma is horrenda

O meu nome é bilhete de identidade e falo por impressões de luz
Sou garantido no poema interminável sou garantido como simplista Sou
Garantido como garantido

De trapos fictícios e avantajados cumprimento a diva do apocalipse
Congratulo o acidente por acontecer
Sorvo espíritos de cemitério em palhinha fúnebre
Um vácuo emocional tornado gigante

agora segredos

Alguns destes estão presentes e morrem
Alguns destes eram aqui e já não, morrem
Alguns destes não são nada agora nem amanhã
Morrem
O pretérito está decrépito nas
Charadas violentas

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Retrato Abstracto do Abstracto

sofá cachalote e vísceras miudinhas e

quadros pequeninos e frutas deformadas e

exposições doentes com um erro dentro

um tipo um tipo um tipo

de ligação espiritual puramente pornográfica

Real abstracto irreal e retrato

não me fodam hoje, não me fodam!

tenho pena da morte

estou desiludido

pesquisei google no google e o mundo não acabou

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Música de Cristal

Eternamente se espelha a doutrina
Música clássica no colchão firme
É eterno o espelho clássico que
Mancha de música a doutrina

Chamo o eternamente como uma mulher
Doutrina de Cristina num colchão firme
É clássico o sentimento de um espelho eterno
Música eterna de contorno moderno

Tempos De Luxo

Vinha no ar uma mistura lilás
Estes segundos passaram desde que os animais passaram, estes animais redondos
Que enchem pratos destemidos com o suor dos outros, que se ligam uns a mim em máquina humana insana solta.

É assim que vou aos saltos perfurando o chão do baile decadente
Pemito que uma equação me comande e me leve ao abandono
Força de actrizes mortas em directrizes
Ciclones ultrapassados pelo último modelo
Um homem com vícios normais clica no automático
Filhos homossexuais no circo castigado
Desejo a culpa como um temporário sem fuga
Agência da negligência onde o violento tem cara de pouco
E é violento
E é pouco
E os padres cantam mal ao matar crianças no altar
Não há votos quando todos queremos o assassínio
Prefiro o genocídio como entrada
Peças de lábios em fatias
Resumia espíritos selvagens em dosagens inferiores infrigindas
Lembrava personificações dolorosas
COMIA A DOR ATÉ MINUTOS DESAPARECEREM NA INCONSISTÊNCIA TERRENA
Sim...SIM..sim
Era capaz, claro que era capaz
De me sentar no topo do mundo
Sem pestanejar

sábado, 22 de novembro de 2008

Sensorial

(explosão)

A invenção dissipou-se e o sol tornou-se húmido
Tortura de uma esponja desvanecida arruínada em impulsos
cósmicos: Planeta Prometido

Estávamos em plano astral
E o céu enjoava
Estávamos em época luz
E crianças criavam
O riso de um esquilo a palpitar
O que já não queria ver
Dentes convencionais pré-esqueleto
Tremendo ritmo seco

Sou diferente da diferenciação em série
Deslizo na anti-regra gramatical
Seguro casas de horror por entre dedos fascinados
Venho na noite, quando os gigantes bocejam e
Os rebeldes se espalham na ignição
Não me conhecem
Não me queiram conhecer
Engulo sistematizações

Sunset Butterfly

Longa asfixia
Asfixia a expectativa
Aperfeiçoa a estimativa
Uma cor de cada vez

Jesus a brilhar
Jesus numa luz
Num quadro dimensioso
Um fogo numa cruz

A companhia de passos e fantasmas
Em pés invisíveis friccionam
Em tecto aberto situam
Cabeças desvirtuadas em textos loucos partem
Partículas partem

PARTEM
PARTEM
PAR-TEM
P-A-R-T-E-M

Suicídio do poeta, morte do compositor
Conquista da derrota, parte II

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Ilustração de Saturno

O que cospe madrugadas sabe que Deus dorme bem
Tornou-se uma evidência a prova imbatível da noite
a rodear ágeis possessivas criaturas

(luz)

É literatura quando te toco
Equívoco cósmico de rótulas decepadas, o sangue
que me gela vem de torres isoladas
Faróis que estagnam na parede menos confusa da austera solidão
É ciência quando te toco
E flores centrais se observam
E cuspo em chamas radioactivas se espiritualiza
E a abertura sexual em traços se evangeliza
Com autores dois e dois só, juntos
Estudo o teu corpo na véspera como uma cor sem naipe
Acessível a comportas criativas de
Um belo morto ser espacial
Gelado em Saturno despido
Contador nocivo do estrelato
Sou eu com brilho automático
Accionado em egoísmo de tornozelos mágicos impresso

(batimento de asas militares)

O demónio pede perdão ao Amo que o despreza

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Álgebra Linear

Fase de astigmatismo, delírio analógico e dentição
Urgentes espelhos sexuais na exposição
Não há arte feia na exposição.
Seguem toques de modelo sinistro os que habitam e perdem e sabem menos
Conscientes na maternidade de um ginecologista amador.
Mortos de manhã
Entrudo de perfil com boca silvestre de lado. Palavras
que ficam entaladas no momento e se servem num prato anfíbio de jóias
O inteiro mundo prepara-se para uma explosão sem nexo, um abraço sem apego
Fenómenos de cave com diafragmas no tecto
Cada livro tem órbitas nuas no núcleo. Ler é só para cegos experientes em visão pura
Parasita a calcular realizações em duplos imaginários, aqui. O mito
do pêndulo industrial num balanço
táctil a percorrer dedos defuntos em impressões digitais.
Esqueço pela energia o poder no qual me vejo péssimo. Divisões.
Plasma em capítulos oferecidos

Simples como álgebra abstracta
Exacto como álgebra linear

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Espírito Nuclear

Numa, duas, três, menina sem curvas no pulso
e
O doutor dos espelhos sem cura
e a
Madrugada de insónias pregadas
e
Algo mais muito indefinível demais para

ex
pli
car

Quero um oceano esculpido no Inferno
Quero um olho ténue
Quero...

Agarrar-te nos braços e parti-los em braços esquivos
Beijos e sangue em preto derretido

No momento em que a diástole cínica do teu prazer
Se apaixona por uma mulher, que se apaixona por um relâmpago num dia
Sem doenças
Eu não tenho doenças
Sou só de outra cor e a cor é esta
A mesma
Que não se vê

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Nómada Silencioso

Dia de Inverno aconchegado
Entra a sina premonitória com ritmo de elevador
A anunciar o fim
Talvez o envolvimento bonito de um motor
E um animal nos salve do paraíso

Enquanto isso, a criança inóspita brinca
As suas palavras
Parecem alcatrão queimado

(Converte-se a inocência em disparate
Para evitar confusões)

Ouço passos em dimensão absurda
Devo ser eu a entrar em mim a entrar nos passos
A afastar-me

De forma pré-frontal, o vento é encarado como um luxo
Um poema cardíaco que simplesmente se mexe
Como ele seria se só me movesse, se não ficasse
.Se fosse belo.

Chove para nos lembrarmos que somos de pedra

A beldade nunca se julga bela e quando se julga, sabe sempre que não é bonita
Ela

Gelo de mãos pelos direitos humanos
Tocam-se em galáxias
Tocam-se em bocas
E morrem
Sem nunca saber porquê

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Consequência Cerebral

Sibilante trovâo
O reino da grande explosão é alto
Na porta arrepio
Degraus são incómodos na leveza
Crepitante
E eu espero como lua tubercolosa em cama astral

Arranco cabelos um por um
Margaridas capilares
Maxilar irascível de carne humana no canto
(ou é brisa ou é sussurro ou é vento que danifica)

Hotel sem janelas na janela
Teorema do dilema despido
Pumpkin obscena sem fogo de caverna dentro
A levitar
Brilho alienígena numa cara acidental
Princesa da Disney ao contrário

o
i
r
à
r
t
n
o
c

Reino:

O regresso de conversas primogénitas e
Ponteiros urbanos
Numa cidade castelo, cidade
Velocidade lenta, segredo
De uma língua magenta
Assustando dragões em água afogada

Flores

Intimidante longe do rio
Afugento-te com água formal
Não és superficial
Tens verde impulsivo a descer do braço indecoroso
Agressiva individualista
Aperto a tua loucura em cores disformes
Chamo-te disforme e desfigurada
Estás entre a faca e a espada
Uma amante fictícia.
Dolorosa e explicativa

Como seis rosas mais uma
Como o ar que vê mais nenhuma

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Bisturi Artesanal

Olhos de papel! Foi o que eu pensei.
E algo que queria estabelecer já esqueci
Era talvez a vontade de escrever 'foder' ou períodos longos de reticências
Essas formas pequeninas, peças de silêncio simétricas

Caio do abismo sem nunca ter estado no topo
Príncipe da pontuação irrelevante
Atirei pedras à minha cara partida e agora tenho
Olhos de papel! Foi o que eu pensei.

domingo, 2 de novembro de 2008

Um Dia Foge Da Lenda

Havia um homem e comprou uma raça de homens
Chamavam-lhe abusivo mas continuou, era forte
O homem era grande, maior do que o próprio tempo
Ele seria o tempo
Com uma cabeça forte derretia montanhas em prazer
Hábil com pensamentos, extravasava o vulgar
ClARO que o seu vício era outro e o mesmo ao mesmo tempo
Similiridades faziam-no pensar, escreveria como Pessoa se lhe dessem caneta
Chegava sempre a conclusõees
sem tinta.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.

Afinal Deus é parecido a Jesus
E Caim nao tinha nenhuma marca,
era só uma tatuagem!

Deixei a Vida Para Trás

(Fechei-te numa caixa forte
E apareceste atrás de mim
Imediatamente)

sábado, 1 de novembro de 2008

Talvez Hoje Escreva Sem Pensar

Interiorizo lâminas sorridentes pequenas videntes
Agora que o artifício desapareceu artificial artificioso
Blink, blink, blink a chuva morre nos braços de ninguém

Conheço uma pessoa que recita e visita e sabe e brinca
com metáforas e mecânicas dramáticas
Tudo nas ruas de uma cidade grande onde o frio aquece
E a harpa anoitece

Vi o genérico sem perceber visualmente
Dois postiços num escorrega mágico
Copos de face estilhaçada para cima
Olhos de fantasmas e vime

O quadro descreve-se a si mesmo
Numa escala
Perturbações de anjo etílico em devaneios refutados
Ficando a imagem reflexiva:

Uma constelação pálida
À procura de cor

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Acrescento Linhas Ao Manual

(Como a vida moderna interrompe na estratégia do Ser)

Queria ser grande e despreocupado.
Talvez alto, mas não mais alto que as nuvens
Não mais alto que o sol
Perto da lua virgem aquela
Perto da outra lua esta
Gosto de estrelas
Gosto de estreias
Embora viva em segunda mão

Estou no terceiro andar de um hemisfério privado
Atirei-me da janela e não caí, não, hoje estou bem
Vi algo concreto porque li numa revista
Não era usual ser surreal
Não era eu num filme-filme
Era mais ele no cinema lagarto

Sou interessante
Mas nunca me chamaram pornográfico
É triste e excitante ao mesmo tempo

E agora estou a vê-la passar
E agora ela ELA
Hemorragia sexual SEXUAL
Serei um ... pretensioso sem rimas
Portentoso viciado na neblina

o segundo entre a voz e o silêncio

Aconteceu num dia um demónio tocou numa flauta tocou numa harpa
Flauta um dia aconteceu tocar num demónio tocou numa harpa

Harpa num demónio tocou numa flauta tocou e aconteceu

Um. dia. aconteceu.
A janela esfaqueou a criança que não chora

Me & Me
A melhor combinação para uma morte adiada
Loop e flashblack à esquerda do paraíso
Todos juntos, mais uma vez sem emoções actuais!
Sou um museu com lepra nas articulações!

Não é nenhum dilema louvar a presença de quem não vejo
Uma árvore morre mais depressa do que um beijo
Quando é sentido e tem sentido
Quando a violação é mútua e exploratória
Quando eu me liberto e me consigo libertar

«Não« quero« ir« para« casa«

Quero êxtase maior do que bocas artificiais
Quero-me rir das palavras que ensurdeço
Quero saber-me imoral e tornar-me imortal
Quero sentir-me inútil sabendo que sou útil

NãO
SEI ESTAR
NãO SEI FICAR
NãO SEI EXISTIR
E com heroína sou ainda MELHOR

Não consigo explicar por palavras as palavras que me palavreiam
Mas ainda assim tenho sede e só não a tenho quando já não a tenho...
Não há muito a dizer sobre mim.
.
.
.
.
.
.
.
.
.

Tudo o que fiz não sei como o fiz

Sou como ele, que escrevia antes de gostar
Profissional na arte de continuar
Dizem que
Não tinha palavras sábias mas
Era um poeta, ele

+o Aramis+

Matem-se todos
Não há nada a dizer
Não há nada a esconder
Não há nada a pensar
Não há nada a solucionar

Não há nada...

As melhores coisas estão em formato violeta
E as melhores coisas nem são coisas

São CeNaS!

Sinto-me sem sentimentos
E não é só uma aliteração

Vamos esquecer tudo isto e ser sónicos por um instante.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008










****************************************

(Dizem que
A sanidade faz bem)

Não sei o que é ser menos falso que falso, mas sou um assim
Completamente anti-falso
Transparente, mais transparente e tão mais transparente ainda que o homem invisível

Construíram exemplares quando as pirâmides foram concebidas
Seremos mortos-vivos quando a Lua tiver parabólica

Ou no dia em que os Homens-Sereia decidirem atacar

E pé

ante



ante

cada



atrapalhado

Se inclinarem adequadamente para derrubar a condição que os envolve.

(tenho de EXPERIMENTAR)

Problemas de atenção Problemas de atenção Problemas de atenção
Problemas de atenção Problemas de atenção Problemas de atenção
Problemas de atenção Problemas de atenção Problemas de atenção

Ninguém acreditaria num homem das cavernas chamado...

Problemas de atenção Problemas de atenção Problemas de atenção
Problemas de atenção Problemas de atenção Problemas de atenção
Problemas de atenção Problemas de atenção Problemas de atenção

Escrevendo para si mesmo ninguém acredita em...

Problemas de atenção Problemas de atenção Problemas de atenção
Problemas de atenção Problemas de atenção Problemas de atenção
Problemas de atenção Problemas de atenção Problemas de atenção

( Inserir Título )

Esta conversa não aconteceu mais, claro que não, não pode não, anónimo o lugar onde não estás, esta imitação bem estabelecida castiga a desordem sem ordem que levita no chão.
Gordas a flutuar, estas que já não levitam de tão pesadas que se tornam as consciências, realmente não há nada realmente precioso.
Como são grandes ou pequenas vestem igual e quando é diferente é igual.
Tudo não, não pode explodir absurdo e libertar-se da concha antes misteriosa. É algum tempo que formulado ocupa e organiza socializações rígidas.
A boca julga-se maldição mal medida, vou calar-me para sempre. Acreditar é não-bom quando as asas voam partidas.
Não há muito a assinalar na rotina de animais.

Olhem para mim! Sou extremamente normal!

Sou extremammente....Sou exxtremamente...

S o u e x t r e m a m e n t e

decapitado.

sábado, 18 de outubro de 2008

A Apóstrofe Do Teu Feitiço

De actualidade turquesa e muros adaptados estava lá e estava
De faca no braço removido
, o cão molhado que com água falsa 'splash'
Relembrava os aspectos refrigerantes da exclamação
Eram cinco da tarde e a memória animalesca de um coração que fala
Saltava, um desses que fala e se lê na artéria substituta

Livro aberto que foi
Com figuras de anjos em formato pé de cabra
Livro com medalhas envolto
Hera estática demencial em pedra de diamante obtusa

Aliança do dedo canibal como uma fórmula avant-garde que chupa
Como um copo reduzido à espreita, que espreita e espreita
Pela janela palavreada do teu abismo gramatical

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Ventrículo Vitral











Estou contra histerias de zonas plicadasmulti
Against brutalidade de passarinhos que picam
Vou falar aqui de palhaços românticos
Ouviste, ouviste, ouviste, ouviste?
Desgostos de amor de anões (são tão pequenos, reparaste?)
Doravante picam os passarinhos na cabeça
Os anões, picam-nos, é estranho tão, esta
inversão, os pássaros, palhaços, depressão...

Sei lá, ventrículo vitral
Sonho virtual

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

A Um Dedo Cortado

Um dedo é mudo, logo, não deve visualizar, não deve, não
Fala do tempo, certamente, classifica sobras de televisão
Sente o cheiro a habitação, goza com cadeiras de rodas
Confunde-as com carrinhos de bebé, confunde
Experimenta fusões tácteis com m&m's decapitados
É esse mesmo o truque
da
pa
la

vra
Une mortalidade a mais outras coisas
Veste-se de fantoche mobilado, cruza dedos bruxos com
Massagens moribundas, corta-os... bem cortados!
Descansa, pois claro, e logo esmorece, coitado
Deixa a vida escapar entre os dedos

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Réplicas do Momento

O marfim, esse sim, oculto nas flores
Dissipa nenhures em implosões velozes
Calcula-me o seguinte: igrejas negras de sol
Freiras escritas com lua
É bem melhor que o antigo abraço aumentado
Desmagnetizado em lupas de identidade irregular
Sabes como se diz, Midas nunca quis
Algum prémio da Academia
E o marfim, esse sim, bebido nos entretantos
Desflorado, assim
Em nenhuma parte
Em nenhum lado

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Explicação das Estrelas em Capítulos

Denoto um psicadelismo extravagante no teu estilo
E gosto do teu estilo, psicadélico e extravagante
Astro da autonomia
Astronomia

Grito Cuspido

Golpe de stereo, momento de oração, pura terapia
Horas de fechar o relógio aos trovões
Declínio delicado no sopro confuso de próteses com anjos
No lugar de membros

Desta vez ela veio fazer perguntas sobre mim

Extra-terrestre com equações no lugar de antenas
Eterno equinócio saltitante
Lúcifer como um herói, como um diminuto, como uma lenda
A mulher-coruja na cortina de veludo
Vê o que mais quer ver

Eu não tenho nada a ver com isso. Acabou.

Sonoridade Eléctrica 2: Desespero em Chávenas

Sabes sabes sabes os turistas da alma e da zona intermédia
No baixo pleno admiram rodas, atletas, bicicletas
Conceptualização ideal: uma crosta na atmosfera
Ah, ah, ah, estes dias têm gurus do improviso
O que não dava por uma colcha azul
Muita coisa, não dava
Não funciona o sistema de igualdade simétrica ah ah ah
Strip-tease intelectual, puta de óculos
Nada disto faz sentido, claro que sim, claro que não
Menta e mentira, sabor saboroso
Tumba, tumba, tumba numa menina sobrevalorizada
Canto de boca efervescente fluorescente
Pastilhas em ebulição, ah, isso
Sabes sabes sabes os artistas da alma e da zona intermédia
São anjos, foda-se
Com génios no meio das costas

domingo, 7 de setembro de 2008

Verde

E no sítio onde quando o esférico se limita
Respiram-se contornos de quadros disléxicos rapidamente
E se fossemos de grão, estes problemas morriam
nos contornos, querida, nos contornos da moto-serra
Como o rapto de um pássaro subtil, a sua melodia é fugaz
E este era o sonho predilecto de náufragos invisíveis
Pi-pi-pimentos com sabor a qualquer coisa outra
Uma das que se usam e se atiram para
não-sítios.
Diz-me as horas em que mãos voam e se
atiram tímidas de prédios altos ofuscantes, caros
Estamos em dia nuclear
Cinzento vestido em classe atmosférica
Trouxe muletas para ajudar o teu sorriso
É decrépito agora que cheguei subindo o anzol ao quadrado
Não, nada
Feitiço de carne usada
Ela considerou-me um dos melhores
Fotógrafo de diversões e parques de eu no planalto
No alto, eu, súbito, eu
Esta é a história do rapaz que mastigava bocados de
olho com frio açúcar.
Sushi guerreiro em distantes livres
Lances. Sumo de magros.

Novo é ovo sem escalpe
Chiu! Ninguém sabe!

Que aborrecimento capturar letras vegetarianas e sofás
Fui nas alturas longas, aliás, apesar de facas
Misturava-me um mariachi de categoria 1
Indizível

No ano assim arrogante mudou a forma em que o outro
Era situação feroz organizada, essa partilha
batalhando hinos de validade
És oculto.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

No Planeta...

No planeta dos homens mais mortos que mortos, no planeta, no planeta
Há astrologia com cara de egípcios
E estrelas a pedir esmola


No planeta dos homens mais mortos que mortos, no planeta, no planeta
Animais brincam às monarquias
E cidades evaporam-se

O próprio rasto
Vasto rasto que flui - d
eitado
São pequenos
Joelhos de uma pequena lua

Cinzenta
A encolher nas pontas

Tudo

No planeta onde os homens, mais que mortos
Estão mortos
sabes aquele momento entre a convulsão e o choro
quando as lágrimas trazem na boca o pesadelo
e o pesadelo levita?

eu estou lá, para separar a luz das sombras
tuas.
Hippie killer num bar de strip
Testa furada num desatino
Insanidade vestida
Com tatuagens coloridas
Hippie killer num bar de strip
Veneno de veias forçadas
Vamos atravessar dedos e cortá-los
Divertido, claro, já é hábito

Isto de brincar às mutilações...

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Anastasia e Drizela

Cores e romance afectam essa singularidade majestosa
A companhia de ratos com botões no lugar de olhos
Mestre urbano sem ideias lineares activas
Tricotei camisolas para gnomos acidentais
Preciosidade em palavras trocadas
Motivação, continuar a imperfeição
Somos duas irmãs malvadas
Refugiadas no significado de um amor etílico
Exílio de falso eyeliner
O esqueleto faz demasiado barulho a dançar
Beleza horror - abóbora com vício de esplendor
Fada madrinha injecta heroína e felicidade
Encanto decadente de uma voz que sempre foi
Na outra extremidade a maquilhagem derrete
Doces incandescentes, sapatinhos mútuos de cristal
Somos, tu e eu, duas irmãs malvadas
Refugiadas no significado de um amor etílico
Simplesmente isso
Beijo

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Espantalho Mundano e o Poder do Sal Abstracto

O nada é perfeito e o nada é o nada

São assim coisas que me assaltam os dedos
Alguns chamam-lhe agitações
Eu considero-os benefícios
Daqueles bem naturais

Estilo desanquadrado destriangulado mas com algum enquadramento
A tinta é uma droga que com traços se dissipa

Intitulo-me de filósofo mas só às vezes
Sou o dono de uma esgrima invisível
Nocturna aos olhos sensíveis

Sou fome e agitação
Manipulador da estrada irreal
Ulisses de peluche

Pela serenata do gato dominado
Sou o que sou pelas navegantes que me preenchem
Um catálogo andante

E mais que secar por elas mesmas
Tenho lágrimas que não chegam a existir

Sou sortudo no entanto
Cuspo pérolas e karma
Sinto-me especial

Acabo por acreditar mais em Deus do que Ele no Super-Homem

Este poema
Não é um poema
A sério que
Não é um poema, definitivamente
São outras coisas
São #%$@&*
Pedaços de cérebro ensopado

Desculpo todos os que pensavam encontrar aqui um poema
E espero que me desculpem por não desculpar

Sinto-me sempre melhor depois de desabafar
E de espancar sem-abrigos

Tiros na cabeça são inofensivos se forem na cabeça
Se forem na cabeça, se forem na cabeça, se forem na cabeça....

Capítulo IV

Era uma vez um rapaz de gengibre que se comeu a si mesmo.

Já disse que sou irreal
Talvez não humano
Mas ao mesmo tempo um deles
Animado

Sou

Um que usa pedras para o apedrejamento
E ainda as usa para ficar pedrado

Lúcifer numa toca
Atirado a um canto
Disse-lhe:

"O amor é perigoso rapaz, não toques nisso"

Angústia de adolescentes pica na sua hilariância
Até Hitler tinha pais

No rio Styx pedem almas e isqueiros
Também no Sub-Mundo há mitras

Mais que a mim, venero-me com mais fervor do que Nietzsche
A si
E se um dia me sentir feio será fácil:

Suicido-me no corpo picotado da Winehouse

Mas não se preocupem,
Para à próxima será melhor

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

As Palavras Inestéticas

(o primeiro a chegar a uma praia sem areia)

i) Na colecção há uma colecção de borbulhas não utilizadas
Desde o grande bamboleante à magnífica borboleta

ii) As doenças educadas são as culpadas:
Definem os limites para um cursor puro

iii) Tempestades erguem-se nos recônditos.
Sabias que inflingir é menos delicado do que respeitar?

iiii) Ser é algo tão poético
Serei a sífilis da tua esperança

iiiii) Tornei-me alheio à auto-censura auto-censurando-me
Disparates românticos desvanecem no papel

iiiiii) Tremendamente suicida, ligeiramente optimista
Ainda bem que não é ao contrário

iiiiiii) É uma das maneiras que encontro
Comer-te num lugar público

iiiiiiii) Crucifixo ornamentado nas mamas
Mais não serve do que um aviso

Afinal, a religião não foi má ideia

terça-feira, 5 de agosto de 2008

O Som Grave de uma Laranja

Eram raras as ocasiões em que satisfazia contemplar
Episódios de criancice alheia
Mas indiferente a novas formas de sentir, enroscava-se a tentações
Detestando a forma como a boca se libertava

Para o decrépito mel, a solução residia numa
Laranja envolta em mistérios
Talvez algumas núpcias não correspondidas
Cíumes de amigas mais amigas do que amigas

Deteve-se o jovem espectro da musa clarividente
No chão espalhado a que chamava tecto
Soltando em cada quilómetro pó especial
Sobras de inteligência inter-pessoal

Já sei

A paixão é para tolos crentes em palpitações
Com buracos no lugar de olhos
E pés para fora da gravidade

Era dia de festa
E zeros mais pessoais namoravam na teia

Libertação de Inato Terror

Um piano deslizava silenciosamente pela sala fechada
Negro capturado deixava escapar restos de claridade
Obscurecida pela convivência

Seria o momento do presságio concebido
O fim de uma era de línguas e vozes

Quantas mais vezes calássemos o nevoeiro
Mais o segredo se escondia no meio da porta
E no meio, um crescendo, uma sombra e
A cortina
Acabada no vazio

Assustando insectos insignificantes que comíamos por diversão
Observei as paredes a libertarem-se da mudez e ao mesmo tempo

A igreja que não confessava pecados
Permanecia faladora
Nas escadas de ninguém

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Uma Faca Pende Ligeiramente Para o Outro Lado

A mão cicatrizada absorve cancro enquanto te absorves
e
Navegas banalidades escritas
por
Mulheres encostadas a aldeias de pedra
com
Segredos de sol adormecidos

Rios esventrados pelo diâmetro de luz verde
Equiparam-se a museus cabisbaixos e títulos outros

Apenas a ideia de um desequilíbrio no teu colo
Me submete a infiligir trêguas nessa doença efémera

domingo, 3 de agosto de 2008

Obcecada Boneca

Nestes versos imprimo sensações
São tantas as inclusões a dominar, tantas as paredes à solta
Como o vírus amoroso que de boca em boca se permite sonhar
Como a dama de ferro inculta em aromas sombreados
Como o respirar contido de êxtases ultrapassados

Parece que sim, definitivamente a leste
Paralelos tornam-se direitos ou brancos ou apenas unicamente com o corte adequado
Ah, troca de pernas e sentido de olfacto apurado, espelhos de quarto com cabeças decoradas
Sei que foste o primeiro a denunciar
Um inimigo imaginário por não brincar

Na terra de espécies tingidas castiga-se quem não tem planos de morte
E cinematografia real, entre a indistinta luz do confuso e do curioso
Perpetua-se a súbita escolha de
Adorar uma modelo crucificada

domingo, 20 de julho de 2008

A Oração da Pornografia Mágica

E as janelas transformam-se em pássaros quebrados
(quebrados do verbo quebrar)

E os pássaros mudam para árvores negras

(escuridão na maior parte das vezes)

E as árvores incendeiam luzes sensíveis

(delicadas como um martelo de cristal)

E a sensibilidade cai perante revelações

(ponto de interrogação exclamativo)

E as profecias compram estúdios martelados

(voltámos à força do aço)

E o ritmo descendente leva a lua ao suicídio
(eu decido o que quero)


E o suicídio arrependido leva a sua vida
(são 23 e 01)

E a vida nefasta aproxima-se da Morte

(sacode a emoção do corpo)

E a Morte perdida esconde-se da luz

(os anjos vomitam claridade)

E a luz aconchegada clama por sinais

(sem elementos óbvios)

E os sinais tímidos escondem-se em pianos

(nota a minha velocidade)

E os pianos arrogantes vibram pelas mãos

(serpentes com dedos)

E as mãos delirantes perdem o poder

(vício feminino)

E o poder inacabado ofusca-se no tempo

(o que nos separa é a relevância do mesmo)

E o tempo hesistante tropeça em visco

(atacar a excentricidade)

E o visco viciado volta à beleza
(ganhar com uma cara de plástico)

E a beleza idealizada torna-se rebelde

(desafiar espantalhos)

E a rebeldia sem causa está em decomposição

(intensidade estática)

E a decomposição distraída regressa ao início

(Éden florido de bocas mastigadas)

E o início voraz deseja um sacrifício
(jogo satânico de culpa antropomórfica)

E o sacrifício acústico dispara negativos

(planeta sem vontade de expressão)

E os negativos tremidos relembram a estética
(ruínas exteriores a dobrar)

E a estética discute a delícia das lâminas

(teste natural e enganos subsequentes)

E as lâminas iletradas racham mil espelhos

(capturar pó de teatralidade)

E os espelhos mostram cemitérios de imagens

(superficialismo subtil)

E as imagens enforcam-se na parede do Futuro

(resultado de uma longa-metragem de palavras desprovidas)

E eu
Sou um

Continuo um
Sempre um

Adolescente numa garrafa

Dedilhado
Do nada


Ámen

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Há Mais Sentido Num Apocalipse Dourado

Subir e descer o manto editado nas costas do Grandioso
Um sopro efémero sobreposto, agarro cornos apertados
Sanidade apertada, sorrio entre apertos de mão
Sonhos em declínio
Físico no quente, sons clássicos
Vivo no escuro agora que adormeci
Afogamento por opção
Uma sombra tão bela, sem cor ou ajuste
Transformo em planície perpétua
Uma outra sub-divisão, miragem de actividade
Contrario o gargarejo da lenda
De mão em mão perfurada
Assisto crenças de pós-vida do alto
Vejo mármore no céu e teclados em bruto
Fogueiras idealizadas por carnívoros sem olhos
Fogos magros enroscados surreais


Perigoso não mencionar as incoerências
E até perigos coerentes
De gostar de saborear lendas janelas
Ficcionantes
Ou
Existíveis

Há mais sentido na diferença

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Em Sobras De Individualidade

Numa janela a voar, os restos
Edificante carisma lunar, os restos
Passei uma eternidade a olhar um lago coberto de carros eléctricos
Centelha de diamante no fundo profundo de volta estarrecido
Uma tão doce audiência
É a causa de utilizar utensílios nervosos, resposta e problema
Miúdos brincam na garagem com armas de plástico
Tiroteios de borracha
Violênca arco-íris
Namoro estratificações qualificadas de perigosas
Ameaças honestas de verdades descobertas
Que me chamem terrestre
Que me chamem supérfluo
Que me chamem esloveno
É só um coro de vozes mortas a dar sugestões de como devia respirar
Um objecto, uma pedra, uma fábula, assinaturas, presenças, provas
Animais impregnados com mais crime do que castigo
Resto eu holográfico
Adjectivo com pedaços de cabeça moribunda acordada
Espírito real sem opções, os restos
Os restos

Incrível hemisfério que me tornei
Atómico e absurdo

terça-feira, 8 de julho de 2008

Pestanas e Cor

Numa altura breve sei que me vi
Nocturno no escuro, em breve nocturno
A escavar, vi
Com espadas sem brilho
Sem deslizes antigos, memórias antigas
Quero contigo, uma chave ferrugenta
E dentes de aço, abrir espaços, enumerar o sistema, pernoitar na serena
Selva quadrada, nem na fronteira dos teus olhos
Memorizo essa categorização categórica e preenchida
Uma linha de letras baralhadas simples
Imitações em série do teu corpo, é fácil renegar maldições atormentadas
Fácil de saber que és mais pequena que pestanas e cor
Fácil de saber que essa
Ausência de cor também funciona nos labirintos da retórica


Mas resultam os poderes de Deusas poderes
Resultam
Descendo em pautas anormais de borboletas naturais
A alfabetização momentânea do sagrado rancor
Resulta
Com o teu vidro que é mais que cabelo
E os teus olhos que mais que estrelas
São estrelas daquelas grandes

Recortadas

quinta-feira, 3 de julho de 2008

A Construção De Uma Parede Demente

Demasiadas gengivas a sobrevoar o infinito concentrado
Eles porcos disparam dentes para buracos digitais
Sorvidos, mastigados uma vez e outra
Nos
Infernos quentinhos de úteros queimados
Planetas em planos decepcionantes
Cabelo liso em falta
Escorrendo como leite venenoso
Por
Bruxinhas com tenazes de braços cruzados
Sem meios para justificar um banquete mordaz

Muitas pessoas juntas
Muitas pessoas jun-tas
Se paradas
Por vírgulas

Esqueço-me que admirar galerias ao longe
Faz mais parte da dignidade de um estranho
Do que mordiscá-las
E se o encontro está a ser marcado
Não deveria ser uma opção visitar vultos de pedra
É isso uma parede, o símbolo máximo do nada
Com tudo ligado
Quase inexistente de tão larga
Cabendo a solidez clássica de uma vítima frágil
E uma flor dentro também
Protegida nas fendas
Esquecida também

Espero por um contacto de formas ligeiramente mais humanas
Porque essa cara
Não gosto dessa cara
Essa sensibilidade ultra-cara
Volta às raízes do Homem

É falsa

Desastre de Pérolas

O sonho inicia-se em qualquer lugar que palpite o intocável, é luz agora
E as escadas descem aos pezinhos juntos, impacientes por se manifestarem
Também a face aguarda por sinais
Nem que seja um demónio de inferior qualidade a suplicar por restos
Sabores imperceptíveis que se exibem em poses
Combinadas
Sem vestes, de aranha subliminar

Agarradinha a nenhumas peças de um imaginário deleixado
O tremor sobe-te pela consciência demasiado desperta para
Notar
O zumbido hipnótico do homem que te aparece e transforma
Que te apetece e renega
Cego do núcleo descalço
Nas deliciosas delícias de uma Natureza assassina

Continua a fachada do sorriso de fruta insinuante, a visão
Possessa
De segredinhos e pérolas
Clinicamente mortos
Há dois dias atrás

terça-feira, 17 de junho de 2008

O Jardim do Hipotético

Um cão que diz miau diz também mais coisas
Claro que são segredos que não é suposto saberes
De tão influentes que se podem tornar

Tenho uma capinha de plástico, um arquivo desorganizado
Onde leio estas coisinhas que partilho
:

Lembro-me da altura em que vi
O monstro, nos seus olhos revirados
A escrever
Partituras na vitrina

E

A mulher do cabelo encovado a
Surgir do chão
Enquanto anéis da minha figura mitológica preferida
Se entrecruzavam com
Visões do meu pesadelo preferido

Mas penso que hoje
Em mais nada penso

Deixo o resto das inquietações
Para um qualquer escravo imaginário
Num qualquer jardim
Esquecido

Hipotetizado

Num canto menos verde do que verde
Mas mais cinzent0 que prateado

Fica Melhor de Laranja

Uma carteira roxa que adivinhe pensamentos é
De certa forma mais ágil que um monge budista

Dependendo evidentemente, da forma de ver

Tempo Descalço

É verdade que todos os dias
E a cada dia
Os dias passam mais depressa

Será talvez uma impressão
Um percalço
Correndo devagar

No declínio

E hoje foi ontem
E ontem afundou-se
E o amanhã não é nada

Nas extremas paranóias

De um buraco
Sem ideias

sexta-feira, 13 de junho de 2008

A Vida Sexual De Robinson Crusoe

Robinson Crusoe masturba-se muito.
A não ser, claro, à Sexta-Feira.

Aperitivo Pós-Perfeição

Fiquei com as mãos queimadas depois de a ler.
Sabia bem que não me devia meter nestas coisas.
Afinal, a rejeição dói mais que a euforia, mas viciado como estava, não senti a pena a convidar-me para o lado negro.

Por um instante absorvi o fulgor de pecados passados
Transfigurados para o meu corpo palpitante

Isto porque li, e atrevo-me a dizer, escrevi
Na carta de suicídio do Demónio

Com as suas páginas crocantes
E subtilezas anacrónicas
Não restaram dúvidas

O Demónio teve aulas de Ironia Avançada
E deseja a morte como qualquer um

Lenda Com Toques De Verdade

O beijo do duende sabe a mel com floreados
Sei quem ele é
O eterno romântico que vive no leite e devora cereais

Comprou um arco-íris em segunda mão
E nao parou de baloiçar
É tão querido como cómico

Um mestre do trá-lá-lá

Veludo Cadavérico

Quero entrar em carros de polícia gastos e gritar

"Sou um aventureiro!"

Quero semear confusão e desordem em quartos de hotel sujos em plena decadência
Sonora e espacial

Vou encontrar uma menina jovem que saiba como tocar numa flor
Quero uma flor
Sou uma flor
Um porco disfarçado de abutre
Um rebelde arrogante
Solitário e egoísta

Morrendo por conversas